quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O bico do combatente

Autor: Francisco Elias

Manter o bico do combatente em perfeitas condições para seu satisfatório desempenho no rinhadeiro tem sido a luta de todo galista. Como nós sabemos, há também, os acidentes durante as pelejas e como é óbvio, podem tornar um bom galo de briga imprestável para futuras disputas. É o caso da inutilização dos bicos (superior ou inferior), sendo que a perda do debaixo tira para sempre o galo dos rinhadeiros.
É sabido que a perda do bico superior, desde que o “sabugo” não esteja atingindo duramente, não causa preocupações ao galista, dentro de um mês ou pouco mais, com alimentação rica em proteínas e calcários e bastante sol, nova capa córnea se formará continuando o animal em perfeito estado e pronta para novas atividades no “tambor”. Já a perda do bico inferior, constitui sério problema, pois jamais se recomporá em condições desejáveis. Talvez, por esse motivo, a natureza o tenha feito mais resistente do que o superior, não sendo comum sua perda. Entrementes, embora o bico superior recomponha com o tempo, pode, se duramente atingido, nunca mais voltar a sua condição normal. Há animais que possuem bico frágil e muitas vezes isso é um defeito hereditário, comum em certas famílias ou linhagens. Ao contrário, encontramos galos de bico de sólidas formação córnea e de grande resistência. Nesse caso, estão enquadrados os galos de bico “cano” ou de “três canos”, conforme denominação da gíria galista para identificar o bico possuidor de dois sulcos, um de cada lado, que acompanha o seu comprimento. As escorvas prolongadas, principalmente quando são animais beliscadores, geralmente causam problema ao bico. O uso das “biqueiras”, (há quem não goste delas), é o único meio de se poupar o bico dos combatentes. Quando o animal e por demais “cortador”, podemos usar a “biqueira” somente para o bico de cima, ou então envolvê-lo com esparadrapo. Artifícios existem para que devido a algum acidente sério não fique um bom galo afastado das competições por inutilização do bico. Atualmente, vem sendo usado o bico de prata e há quem os fabrique muito bem. São eles produzidos em jogos, com vários tamanhos, de forma a servir na medida exata a qualquer animal que tenha perdido o bico natural ou encontre-se ele ressequido em virtude de próxima mudança, ou ainda quando se solta durante a briga. Neste caso, recoloquemo-lo e sobre o mesmo encaixemos o metálico, podendo, também ser este colocado diretamente sobre o “sabugo”. Geralmente, são encaixados na hora da briga e amarrados à crista por meio de cordões finos resistentes, pois é importante que fiquem bem firmes e não incomodem os galos. Mas, existe outra particularidade que deve merecer nossa especial atenção. É o comprimento excessivo do “gavião”, que além de dificultar o apresamento do animal pode contribuir para que seja o bico parcialmente danificado. Com lixa grossa ou uma lima, podemos reduzi-lo ao tamanho desejado em poucos minutos sem nem um dano ou contratempo. E um conselho; nada de “batidas” prolongadas com o bico desprotegido, pois isto acarretará invariavelmente acidentes e conseqüentemente atraso no preparo dos animais.

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